terça-feira, 27 de junho de 2017

NEM DE MAIS E NEM DE MENOS -PART. DE O BLOG ESPIRITISMO SÉCULO XXI


Contos e crônicas



Nem de mais, nem de menos

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

O vento suave anima as flores, movimenta com harmonia os galhos e folhas das árvores e refresca a pele. Também tomba com delicadeza o campo de trigo sem machucá-lo. Impulsiona com sabedoria o pássaro que faz seu desenho no céu e, neste momento, a criatura do voo reforça como a liberdade é necessária para manter os olhos alegres.
Quando o vento está forte, nem as folhas, nem as flores continuam em suas plantas, são arrancadas mesmo com tempo ainda para animarem com vida e cores os nossos olhos e a composição da própria natureza. Este vento devasta o campo e tudo o que a este pertencia.
E se o vento está em sua imperceptível atividade, o sufoco desanima até quem era a própria explosão de ânimo. Tudo fica parado, logo, sem energia, já que para esta o movimento preciso a vivifica. Como querer seguir se falta a harmonia entre as partes geradoras da vida?
Quando se aproxima da quantidade coerente em tudo, o progresso é sentido, pois a sabedoria passa a administrar e todo ato torna-se positivo. Tanto o corpo como o espírito sofrem com o desequilíbrio; quando o trabalho é exagerado, as forças enfraquecem e as entradas de energias e a sua manutenção ficam precárias causando as doenças que impossibilitam a realização do que, de fato, se deveria fazer.
Quando o trabalho é de menos, sobrará tempo de mais para pensamentos, em muitos casos, não muito proveitosos ou salutares. Há que saber diferenciar o descanso do ócio já que há muito a ser feito, porém, com sabedoria e vontade.
E o espírito também pode adoecer se sua energia não for mantida com elevada vibração, ou seja, bons pensamentos, sentimentos, palavras e atitudes. Quando essa elevação é mantida, naturalmente o seu andamento traz alegria e bem-estar a quem propiciou e aos que convivem com o seu promovedor. Todas as criaturas apreciam o equilíbrio e o amor, podem até não perceber, no entanto, o interior deseja as nobres realizações. Talvez só exista muito ignorância para um pequenino dicionário de cabeceira. É necessário querer ampliar para as grandes bibliotecas da vida.
Quando a chuva é torrencial, a enchente é certa, pois a rapidez e a quantidade da água não permitem que o solo usufrua, nem que os rios se mantenham equilibrados, muito menos as metrópoles sem as catástrofes construídas pelos próprios habitantes.
Mas se a chuva é calma, tanto benefício é alcançado. A natureza é banhada pelos suaves pingos e todos os seres matam a sede e todo meio é acariciado. A raiz é hidratada para que dê vida às outras necessárias partes também estarem vivas.
Porém, se a chuva é escassa não é possível alimentar a terra para que esta fecunde. Então, o alimento não nascerá nem as flores colorirão os jardins, nem as árvores serão frondosas e a sua respiração não será sustentável para os nossos pulmões. E se a chuva for pouca, então, haverá pouco brilho e grande sofrimento.
Tudo obedece a uma lei natural: o equilíbrio. Quando de mais, ocorre sofrimento; quando de menos, a dor está presente. E a vida segue o curso que obedece à lei universal e as pessoas vivem no curso natural do universo.
Nem de mais, nem de menos.

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domingo, 25 de junho de 2017

REFLEXÕES À LUZ DO ESPIRITISMO- PART. DE O BLOG ESPIRITISMO SÉCULO XXI






Se pudéssemos ver nossos entes queridos já desencarnados, como os veríamos?

Uma questão que intriga muitas pessoas diz respeito à morfologia do perispírito – ou corpo espiritual – no que diz respeito à aparência com que os Espíritos, após sua desencarnação, se apresentam.
Três obras espíritas muito conhecidas trazem informações valiosas sobre o assunto.
Citamos em primeiro lugar, atento à ordem cronológica de sua publicação, O Livro dos Médiuns, de autoria de Allan Kardec, em que, referindo-se ao perispírito, Kardec escreveu:

Ele [o perispírito] tem a forma humana e, quando nos aparece, é geralmente com a querevestia o Espírito na condição de encarnado. Daí se poderia supor que o perispírito, separado de todas as partes do corpo, se modela, de certa maneira, por este e lhe conserva o tipo; entretanto, não parece que seja assim. Com pequenas diferenças quanto às particularidades e exceção feita das modificações orgânicas exigidas pelo meio em o qual o ser tem que viver, a forma humana se nos depara entre os habitantes de todos os globos. Pelo menos, é o que dizem os Espíritos. Essa igualmente a forma de todos osEspíritos não encarnados, que só têm o perispírito; a com que, em todos os tempos, se representaram os anjos, ou Espíritos puros. (O Livro dos Médiuns, cap. I, n. 56.) [Negritamos]

A segunda é o clássico A Reencarnação, conforme tradução feita por Carlos Imbassahy, publicada pela FEB. Nele, Gabriel Delanne fornece-nos sobre o tema as seguintes informações:

1) Nota-se pelas fotografias dos fantasmas que eles têm formas reais e possuem, durante a materialização, todos os caracteres dos seres vivos.
2) Referindo-se às materializações de Katie King, William Crookes afirma que a aparição possui coração e pulmões; mas o mecanismo fisiológico de Katie King é diferente do da médium, Srta. Cook.
3) Charles Richet comprovou que a forma materializada possui circulação, calor próprio e músculos, e exala ácido carbônico.
4) O corpo fluídico é semelhante, em todos os pontos, e mesmo anatomicamente, idêntico ao corpo físico. É um ser de três dimensões, com morfologia terrestre. (A Reencarnação, págs. 44 a 55.)

A terceira obra, de confecção mais recente, é Evolução em dois Mundos, psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. No cap. IV da 2ª parte dessa obra, André Luiz oferece-nos as informações adiante resumidas:

1) As linhas morfológicas das entidades desencarnadas, no conjunto social a que se integram, são comumente aquelas que trouxeram do mundo, a evoluírem, contudo, constantemente para melhor apresentação, toda vez que esse conjunto social se demore em esfera de sentimentos elevados.
2) A forma individual em si obedece ao reflexo mental dominante, notadamente no que se reporta ao sexo, mantendo-se a criatura com os distintivos psicossomáticos de homem ou de mulher, segundo a vida íntima, através da qual se mostra com qualidades espirituais acentuadamente ativas ou passivas.
3) Fácil observar, portanto, que a desencarnação libera todos os Espíritos de feição masculina ou feminina que estejam na reencarnação em condição inversiva atendendo a provação necessária ou a tarefa específica, porquanto, fora do arcabouço físico, a mente se exterioriza no veículo espiritual com admirável precisão de controle espontâneo sobre as células sutis que o constituem.
4) Se o progresso mental não é positivamente acentuado, mantém o Espírito, nos planos inferiores, por tempo indefinível, a plástica que lhe era própria entre os homens, sendo certo que, nos planos relativamente superiores, sofre processos de metamorfose, mais lentos ou mais rápidos, conforme suas disposições íntimas. (Evolução em dois Mundos, 2ª parte, cap. IV, pp. 176 e 177.)

Quanto à plástica – masculina ou feminina – mencionada por André Luiz, é importante lembrar que o assunto não era estranho a Allan Kardec, conforme podemos conferir no artigo intitulado “As mulheres têm alma?”, publicado na Revista Espírita de janeiro de 1866.
Segundo o codificador da doutrina espírita, a influência que o Espírito encarnado sofre do organismo não se apaga imediatamente após a destruição do invólucro material, assim como não perdemos instantaneamente os gostos e hábitos terrenos. Pode acontecer que determinado Espírito percorra uma série de existências no mesmo sexo, o que faz que durante muito tempo possa conservar, na erraticidade, o caráter de homem ou de mulher, cuja marca nele ficou impressa.
Se essa influência se repercute da vida corporal à vida espiritual, o fato se dá também quando o Espírito passa da vida espiritual para a corporal. Em uma nova encarnação trará, portanto, o caráter e as inclinações que tinha como Espírito. Mudando de sexo na nova existência corpórea que deverá cumprir, poderá conservar os gostos, as inclinações e o caráter inerente ao sexo que acabou de deixar. Assim se explicam certas anomalias aparentes, notadas no caráter de certos homens e de certas mulheres.



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quinta-feira, 22 de junho de 2017

INICIAÇÃO AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA - REP. DE O BLOG ESPIRITISMO SÉCULO XXI


Iniciação ao estudo da doutrina espírita




Objetivos da evolução e seu processo

Este é o módulo 33 de uma série que esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura. 

Questões para debate

1. Que podemos entender pela expressão estado de natureza?
2. Como os Espíritos progridem?
3. A marcha dos Espíritos é sempre progressiva?
4. Podemos dizer que o objetivo da evolução seja a felicidade terrestre?
5. Quem é o árbitro soberano de nosso destino?

Texto para leitura

O estado de natureza é a infância da Humanidade
1. O homem desenvolve sua caminhada evolutiva a partir de um estado primitivo ou estado de natureza. O estado de natureza, ensina a Doutrina Espírita, é o estado de infância da Humanidade, o ponto de partida do seu desenvolvimento intelectual e moral.
2. Sendo perfectível e trazendo em si o gérmen do seu aperfeiçoamento, o Espírito não foi destinado a viver perpetuamente no estado de natureza, como não foi criado para viver eternamente na infância. Aquele estado é transitório, e os Espíritos dele saem em virtude do progresso e da civilização.
3. É preciso, portanto, que o ser humano se desenvolva intelectual e moralmente, e é através da lei do progresso que se regula a evolução de todos os seres e de todos os mundos que giram no Universo.
4. O Espírito, contudo, só se depura com o tempo, pelas experiências adquiridas que as vidas sucessivas lhe facultam. Tendo de progredir incessantemente, ele não pode volver ao estado de infância. É Deus que assim o quer. Pensar que possamos retrogradar à nossa primitiva condição equivaleria a negar a lei do progresso.

A marcha dos Espíritos é progressiva
5. No estado de natureza o homem tem menos necessidades, sua vida é mais simples e menores são suas atribulações, pois se atém mais à sobrevivência e às necessidades fisiológicas. Há, porém, em todas as pessoas uma surda aspiração, uma energia íntima misteriosa que as encaminha para as alturas e as faz tender para destinos cada vez mais elevados, impelindo-as para o Belo e para o Bem.
6. É a lei do progresso, a evolução eterna, que guia a Humanidade através das idades e aguilhoa cada um de nós, visto que a Humanidade são as próprias almas que, de século em século, voltam à cena física para, com auxílio de novos corpos, preparar-se para mundos melhores em sua obra evolutiva.
7. A lei do progresso não se aplica apenas ao homem; abarca todos os reinos da Natureza, como já foi reconhecido por diversos pensadores. Na planta, a inteligência dormita; no animal, sonha; no homem, acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente.
8. A marcha dos Espíritos é progressiva, jamais retrógrada. Eles se elevam gradualmente na hierarquia e não descem da categoria a que ascenderam. Podem, em suas diferentes existências corpóreas, descer como homens, não como Espíritos.

O objetivo da evolução não é a felicidade terrestre
9. As reencarnações constituem uma necessidade inelutável para que se faça o progresso espiritual. Cada existência corpórea não comporta mais do que uma parcela de esforços determinados, após o que a alma se encontra exausta.
10. A morte representa um repouso, um intervalo, uma etapa na longa rota da eternidade, antes que nova encarnação se apresente para o Espírito, a valer como rejuvenescimento para o ser em marcha.
11. Paixões antigas, ignomínias, remorsos desaparecem, e o esquecimento cria um novo ser, que se atira cheio de ardor e entusiasmo no percurso da nova estrada.
12. Cada esforço redunda num progresso, e cada progresso num poder sempre maior, pois as aquisições sucessivas vão alteando a alma nos inumeráveis degraus da perfeição. O objetivo da evolução, a razão de ser da vida, não é a felicidade terrestre, como muitos erradamente creem, mas o aperfeiçoamento de cada um de nós, o que só realizaremos por meio do trabalho, do esforço e de todas as alternativas de alegrias e de dor, até que nos tenhamos desenvolvido completamente e elevado ao estado celeste.

Somos os construtores do nosso próprio destino
13. Somos, assim, o árbitro soberano de nossos próprios destinos. Cada experiência reencarnatória condiciona a que lhe sucede e, malgrado a lentidão da marcha ascendente, eis-nos a gravitar incessantemente para alturas radiosas onde sentimos palpitar corações fraternais e entramos em comunhão sempre mais e mais íntima com a Potência Divina.
14. Os que ignoram tais verdades e nada fazem por melhorar-se chegam ao mundo espiritual na condição de Joaquim Sucupira, que abandonou o corpo aos sessenta anos, após viver arredado do mundo, no conforto precioso que herdara dos pais. Na Terra – refere Irmão X –  Sucupira falara pouco, andara menos, agira nunca...
15. Na pátria espiritual, embora pudesse locomover-se, havia perdido o movimento dos braços e das mãos. Um instrutor, ao examinar seu caso e ouvir suas queixas, disse-lhe com toda a franqueza: “Seu caso explica-se: você tem as mãos enferrujadas”.
16. E ante a careta do interlocutor amargurado, aditou: “É o talento não usado, meu amigo. Seu remédio é regressar à lição. Repita o curso terrestre”. “O que você precisa, Joaquim, é de movimento.”

Respostas às questões propostas

1. Que podemos entender pela expressão estado de natureza?
O ser humano realiza sua caminhada evolutiva a partir de um estado primitivo ou estado de natureza, que é, segundo a Doutrina Espírita, o estado de infância da Humanidade, o ponto de partida do seu desenvolvimento intelectual e moral.
2. Como os Espíritos progridem?
Os Espíritos só se depuram com o tempo, pelas experiências adquiridas que as vidas sucessivas lhes facultam.
3. A marcha dos Espíritos é sempre progressiva?
Sim. A marcha dos Espíritos é sempre progressiva, jamais retrógrada. Eles se elevam gradualmente na hierarquia e não descem da categoria a que ascenderam.
4. Podemos dizer que o objetivo da evolução seja a felicidade terrestre?
Não. O objetivo da evolução, a razão de ser da vida, não é a felicidade terrestre, como muitos erradamente creem, mas o aperfeiçoamento de cada um de nós, o que só realizaremos por meio do trabalho, do esforço e de todas as alternativas de alegrias e de dor, até que nos tenhamos desenvolvido completamente e chegado ao estado celeste.
5. Quem é o árbitro soberano de nosso destino?
Somos nós mesmos o árbitro soberano de nossos destinos. Cada experiência reencarnatória condiciona a que lhe sucede e, malgrado a lentidão da marcha ascendente, eis-nos a gravitar incessantemente para alturas radiosas onde sentimos palpitar corações fraternais e entramos em comunhão sempre mais e mais íntima com a Potência Divina.


Nota:
Eis os links que remetem aos 3 últimos  textos:




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quarta-feira, 7 de junho de 2017

PÍLULAS GRAMATICAIS (260 -REP. DE O BLOG ESPIRITISMO SÉCULO XXI


Pílulas gramaticais (260)



Vimos na edição passada que regência é o nome que se dá ao mecanismo que regula as ligações entre um verbo ou um nome e seus complementos. Classifica-se em regência verbal e regência nominal.
Vejamos na presente edição, como prometemos, mais três casos pertinentes a regência verbal:
Simpatizar
Este verbo é transitivo indireto; não é pronominal:
•  Não simpatizo com o vizinho.
•  Simpatizamos com a ideia de ir a Gramado.
Implicar
Com o sentido de acarretar, causar, originar, ter consequência, é transitivo direto:
•  A falta de responsabilidade implicou sua demissão.
•  O desenvolvimento científico implica muitos benefícios para os homens.
•  A indisciplina implicou sua expulsão da escola.
•  A supressão da liberdade implica, não raro, a violência.
Preferir
Este verbo é transitivo direto e indireto. O objeto direto indica a coisa mais apreciada; o objeto indireto indica a outra coisa, que deve vir precedida da preposição “a”:
•  Os homens geralmente preferem o elogio à censura. (Objeto direto: o elogio. Objeto indireto: censura.)
•  Prefiro peixe a carne vermelha. (Objeto direto: peixe. Objeto indireto: carne vermelha.)
•  Preferimos ficar a sair à noite. (Objeto direto: ficar. Objeto indireto: sair à noite.)
•  Há quem prefira teatro ao futebol. (Objeto direto: teatro. Objeto indireto: futebol.)
Às vezes o objeto indireto pode ser omitido:
•  Como opção de lazer, prefiro cinema.
•  Já gostei de futebol, mas hoje prefiro teatro.

*

Utilizada por Léon Denis em sua obra No Invisível, a palavra vulgacho significa ralé, ou seja, a camada mais baixa da sociedade. Ralé, por sua vez, é sinônimo de arraia-miúda, choldra, escória, gentalha, gentinha, patuleia, plebe, populacho, povão, povaréu, poviléu, zé-povo e zé-povinho, entre diversas outras palavras.




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sábado, 3 de junho de 2017

AS CALÇADAS DE BRASÍLIA - PART. DE O BLOG ESPIRITISMO SÉCULO XXI


Contos e crônicas



As calçadas de Brasília

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

— Há cerca de trinta anos, Machado, eu estava dentro de um supermercado da Asa Norte, em Brasília, procurando distraidamente um saco de leite e outros alimentos perecíveis para o sustento semanal de minha família. De repente, como que saída do nada, eis que uma jovem muito bonita, microfone na mão e acompanhada por um cinegrafista, me aborda com a seguinte pergunta:
— O que você acha, atualmente, do preço dos alimentos nos mercados de Brasília?
O susto foi imenso, mas, ante aquela figura angelical, balbuciei uma resposta mais ou menos assim:
— Bem, a vida não está fácil. O preço do leite está de matar...
Antes mesmo que eu continuasse a responder-lhe, a jovem agradeceu-me pela resposta e desapareceu, com seu colega de profissão.
— Hoje, quando voltava da academia, pela calçada quebrada que fica em frente ao bloco paralelo à Via W1, carregada de pés de jamelão, avistei, não uma linda jovem, mas um rapaz mais ou menos da idade que eu tinha há trinta anos. Vi-o, à minha frente, cerca de vinte metros. Tentou entrevistar uma senhora humilde que passava, mas esta esquivou-se da pergunta e seguiu seu caminho, assustada como eu ficara décadas atrás.
Atrás dessa senhora, vinha uma jovem, que estava à mesma distância que eu do jornalista e, como o alcançamos quase ao mesmo tempo, imaginei que ele optaria por entrevistá-la, mas enganei-me, e o entrevistado fui eu, agora já prevenido...
— Boa tarde, senhor, sou jornalista da TV Bandeirantes, qual é o seu nome?
— Chamo-me Joteli, para servi-lo. O que deseja? — perguntei-lhe, ansioso para que a entrevista durasse, ao menos, 15 minutos, não sei por quê.
— Quero saber sua opinião sobre as calçadas em frente aos blocos residenciais de Brasília, como esta em que estamos. O senhor não acha que está muito perigosa?
— De fato, a calçada está toda quebrada. Isso demonstra o descaso governamental com o dinheiro de nossos impostos. Imagine se uma pessoa idosa tropeça nesses pedaços de concretos. E não é só a calçada que está toda quebrada, há também buracos para todos os lados. Sem contar a péssima ideia de plantarem jamelões ao lado da calçada. Na época dessa fruta, nossos calçados ficam roxos, ao andarmos por aqui, pois ela cai e espalha-se calçada afora. Se isso se dá em Brasília, calcule como não deve ser nos outros estados...
— Sim, mas...
— Tudo isso na Capital! Imagine então, meu jovem, o que não ocorre nos milhares de municípios brasileiros, tendo em vista a corrupção endêmica que grassa pelo nosso país afora. É por isso que sou a favor de concurso público para preencher todas as vagas de emprego em todos os escalões governamentais.
Nosso país está desse jeito por permitir a nomeação exacerbada de pessoas para exercerem atividades profissionais que caberiam a concursados. Isso quando não fraudam os próprios concursos públicos, para nomearem seus parentes, amigos e amigos dos seus amigos... Por vezes, abrem concursos, sem a mínima necessidade, apenas para arrecadar dinheiro, como ocorreu com o do IBAMA, em que meu genro foi aprovado em primeiro lugar, dentre todos os candidatos do Brasil, mas nunca foi nomeado. E quando se apela para a Justiça...
— Certo, mas...
— Enquanto não for mudada a mentalidade do brasileiro e não se instituir a obrigatoriedade de preenchimento de vagas, por concursos públicos idôneos, em todas as áreas de atividade social, nos municípios, estados e federação, o descaso com o dinheiro arrecadado com os nossos impostos continuará permitindo falcatruas e acordos espúrios de nossos governantes com empresários desonestos.
— Mas...
— Ainda tem mais, esse governo não nos representa. Tenta blindar políticos corruptos, nomeando Fulano de Tal ministro, para que ele não seja preso, e dando status de ministro a deputado amigo do presidente, para que o parlamentar não opte pela delação premiada...
— Entretanto...
— Entretanto, nossa ex-presidenta foi impedida desse ato, quando o governo anterior tentou nomear ministro um ex-torneiro mecânico, cuja digna profissão eu também exerci na Light, no Rio de Janeiro, nos anos de 1966 a 1968, embora eu não tivesse a mesma verborragia de palanques eleitorais e muito menos vocação para a política... Enfim, isso é uma vergonha! – como diria Boris Casoy, atualmente na Rede TV News.
Fazer propaganda do canal concorrente foi demais para o jovem jornalista, que encerrou a entrevista na hora.
— Joteli, esgotaste teus quinze minutos de glória. Agora, toma um piparote e cala-te, falastrão!
— Desculpa, amigo Machado, mas enquanto houver indignação neste país ele ainda tem jeito.





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quinta-feira, 1 de junho de 2017

INICIANDO AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA- REP DE O BLOG ESPIRITISMO SÉCULO XXI

Iniciação ao estudo da doutrina espírita




O bem e o mal

Este é o módulo 30 de uma série que esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura. 

Questões para debate

1. Como os Espíritos que contribuíram para a codificação do Espiritismo definem a moral?
2. A que fator, na visão espírita, o progresso moral se liga intimamente?
3. Que é, segundo a doutrina espírita, um ser moral?
4. Que significa fazer o bem?
5. Que é o mal?
Texto para leitura

A moral é a regra de bem proceder
1. A moral consubstancia os princípios salutares do comportamento humano de que resulta o respeito ao próximo e a si mesmo. Decorrência natural da evolução, estabelece as diretrizes em que se fundam os alicerces da Civilização, produzindo matrizes de caráter que vitalizam as relações humanas,  sem as quais o homem, por mais avançado que esteja no domínio da técnica, poucos passos teria conseguido desde os estados primários do sentimento.
2. A moral é, no dizer dos Espíritos que contribuíram para a codificação do Espiritismo, a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal, e se funda na observância da lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então estará cumprindo a lei estabelecida pelo Criador.
3. Melhor conceito do que esse é difícil de elaborar. É que os Espíritos superiores, de maneira objetiva e simples, revelam que a moralidade se fundamenta no progresso espiritual da criatura humana e é adquirida paulatinamente, através das diversas experiências reencarnatórias. Sua observância tem por base o conhecimento e a prática da lei natural, de tal forma que o progresso moral se liga intimamente à prática do bem.
4. A partir do momento em que o relacionamento humano se expandiu pelas necessidades de vivência comutativa, o homem sentiu o desejo de elaborar leis que estabelecessem organizações sociais mais apropriadas ao meio em que vivia. Passou-se então a fazer distinção entre o bem e o mal. Somente a partir de Sócrates a moral passou a ser considerada pela filosofia, porquanto até então era ela definida arbitrariamente, de acordo com o equilíbrio ou o desequilíbrio das pessoas.
5. O sentido de moralidade é, contudo, um só, ou seja, é a norma de bem proceder em quaisquer circunstâncias, independentemente do estado socioeconômico do indivíduo. Todo o cuidado se faz preciso para não confundirmos conveniências sociais – que podem gerar dissolução dos costumes – com a verdadeira prática da moral.

A lei divina está gravada em nossa consciência
6. Diante desses conceitos, podemos afirmar que, em qualquer época, o homem que conhece e pratica a lei de Deus é um ser moral – um ser que não se prende às superficialidades das convenções e dos modismos da chamada sociedade ou civilização moderna.
7. À medida que vamos aprendendo a distinguir o bem do mal, vamo-nos moralizando, isto porque fazer o bem é agir conforme a lei divina, é proceder conforme a lei natural. Fazer o mal é infringir essa mesma lei, é agir exatamente de modo contrário.
8. Ensina o Espiritismo que Deus promulgou leis plenas de sabedoria, tendo por único objetivo o bem, e o homem encontra em si mesmo tudo o que lhe é necessário para cumpri-las. A consciência traça-lhe a rota, visto que a lei divina está gravada nela mesma e, além disso, Deus nos leva a recordá-la constantemente por intermédio de seus messias e profetas, bem como de todos os indivíduos que trazem a missão de esclarecer, moralizar e melhorar o ser humano.
9. Os chamados males da vida que afligem a Humanidade formam duas categorias que importa distinguir: a dos males que o homem pode evitar e a dos males que independem de sua vontade, os quais são geralmente a consequência de sua conduta pretérita.
10. Se o homem se conformasse rigorosamente com as leis divinas, poupar-se-ia, sem qualquer dúvida, aos mais agudos males e viveria ditoso na Terra. Se assim não procede, é em virtude do seu livre-arbítrio. Sofre, então, as consequências do seu proceder.

O mal não tem existência real
11. O Criador, que é também todo bondade, sempre põe o remédio ao lado do mal, isto é, faz que do próprio mal saia a solução, pois chega um momento em que o excesso do mal moral torna-se intolerável e impõe ao homem a necessidade de mudar de vida. Instruído pela experiência, ele se sente, desse modo, compelido a buscar no bem o remédio, valendo-se do seu livre-arbítrio.
12. Quando toma um rumo diferente, um caminho melhor, é porque reconheceu os inconvenientes do outro. A necessidade leva-o, pois, a melhorar-se moralmente, para ser mais feliz, do mesmo modo que o constrange a melhorar as condições materiais de sua existência.
13. A prática do bem está, assim, relacionada com o grau de responsabilidade do homem. Com o progresso, o mal decresce automaticamente, pois seu caráter é relativo e passageiro, e ele nada mais é que o resultado da condição da alma ainda criança que se ensaia para a vida. Como decorrência dos progressos realizados pela criatura humana, o mal pouco a pouco diminui, perde fôlego e dissipa-se, na proporção em que a alma sobe os degraus que a conduzem à virtude e à sabedoria.
14. Assim considerando, o mal não tem existência real. Não há o mal absoluto no Universo, mas sim, em toda parte, a realização vagarosa e progressiva de um ideal superior. A justiça patenteia-se no cosmo, onde não existem eleitos e réprobos, mas indivíduos que sofrem todas as consequências de seus atos, e reparam, resgatam, e, cedo ou tarde, regeneram-se para evolverem desde os mundos obscuros e materiais até à luz divina.

Respostas às questões propostas

1. Como os Espíritos que contribuíram para a codificação do Espiritismo definem a moral?
A moral é, no dizer dos Espíritos, a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal, e se funda na observância da lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então estará cumprindo a lei estabelecida pelo Criador.
2. A que fator, na visão espírita, o progresso moral se liga intimamente?
Segundo os Espíritos superiores, a moralidade se fundamenta no progresso espiritual da criatura humana e é adquirida paulatinamente, através das diversas experiências reencarnatórias. Sua observância tem por base o conhecimento e a prática da lei natural, de tal forma que o progresso moral se liga intimamente à prática do bem.
3. Que é, segundo a doutrina espírita, um ser moral?
O homem que conhece e pratica a lei de Deus é um ser moral – um ser que não se prende às superficialidades das convenções e dos modismos da chamada sociedade ou civilização moderna.
4. Que significa fazer o bem?
Fazer o bem é agir conforme a lei divina, é proceder conforme a lei natural. Fazer o mal é infringir essa mesma lei, é agir exatamente de modo contrário.
5. Que é o mal?
O mal não tem existência real. Não há o mal absoluto no Universo, mas sim, em toda parte, a realização vagarosa e progressiva de um ideal superior. No cosmo, não existem eleitos e réprobos, mas indivíduos que sofrem todas as consequências de seus atos, e reparam, resgatam, e, cedo ou tarde, regeneram-se para evolverem desde os mundos obscuros e materiais até à luz divina.


Nota:
Eis os links que remetem aos 3 últimos  textos:




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