quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

E O BRILHO DO SOL ANUNCIA O NOVO ANO


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR
E mais um ano novo se inicia; um ciclo se fecha, novo ciclo nasce junto com os infinitos desejos de benfazejas realizações, no entanto, para a concretude destas há que plantar as sementes certas e procurar sempre a aragem mais propícia no campo de cada existência.
Acredito que o primeiro passo para a harmonia de tudo é ter gratidão a Deus pela vida, por mais uma oportunidade de progresso. Consequentemente, a partir disso, outros agradecimentos virão como por poder abrir mais uma janela e avistar as tantas possibilidades de amar, maior ação; compreender sem julgamento; ajudar sem cobrança; solidarizar-se com o irmão da caminhada; logo, isso realizado, haverá, antes de tudo, o benefício próprio.
Tanto há de maravilhoso que não se é capaz de determinar o tempo para a enumeração das infinitas bondades do Pai.
Com o amanhecer, mais um suspiro de vida se inicia, pois tudo o que não foi possível realizar ontem, uma enorme esperança de hoje poder já se instaurou, é o presente diário, divino.
Assim, como o brilho das estrelas; as aves que voam no céu; as borboletas, coloridas, alegrando os ares da vida; o sorriso de criança; saber que quem amamos é parte incondicional de nós, pois nosso coração já o abraçou para sempre; conhecer novos olhos e um horizonte, tão brilhoso, a se abrir; poder voltar para os braços que há um tempo estão distantes, entretanto, esperam com o maior amor que já se sentiu; saber que em meio de mais erros que acertos, a ocasião de melhora existe e, com a experiência, tantos mais acertos haverá na estrada com flores lindas, pois viver é o mais nobre presente e essa nobreza nos é concedida por Deus todos os dias.
Tudo é sabedoria. As ações felizes são refrigérios e contentamentos recebidos para nos impulsionarem mais rapidamente ao progresso; as ações infelizes, sofridas ou provocadas, são as lições que exigem maior atenção e esforço para compreendê-las e retomar caminhos novos com mais amor e sapiência... e como estas nos ensinam... como nos ensinam.
Alegria, novo ano se inicia.
Amor...
Entendimento...
Fé...
Proteção...
Respeito...
Saúde...
Vida nova...
Jesus... nossa luz...
Deus, nosso Pai, razão de tudo.
Que os olhos possam brilhar mais por tantas conquistas, sempre com a viva lembrança de que o primeiro passo deve ser dado por nossos pés.
Que o coração possa pulsar tão amorosamente, compassado, na escala harmônica.
Que se possa mais sentir como espíritos que desejam a pureza e o refinamento e com menos ranços de preconceito e discriminação.
Que os sentimentos bem mais leves e benéficos possam fazer flutuar a nossa alma... o nosso espírito.
Que o Mestre Jesus seja morador em nossa vida, em nossa família.
Que a alegria e o amor sejam componentes assíduos e definitivos nos dias a se viver.
Tudo pode ser melhorado com a sábia experiência e a vontade de se aprimorar.
Vamos, busquemos a luz!
Busquemos a vida nova que nasce com o primeiro raio de sol a despontar do novo dia; linda oportunidade, mais um... sempre... presente de Deus.
Feliz Ano Novo.
Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

ESTUDO ANALISA VERACIDADE DE CARTAS RECEBIDAS POR CHICO XAVIER

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Leda

08:03 (Há 10 horas)


para Leda

Estudo analisa veracidade de cartas psicografadas por Chico Xavier
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Rayder Bragon
Do UOL, em Belo Horizonte
26/12/201406h00
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Pesquisa cientifica realizada por núcleo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) concluiu que informações contidas em lote de cartas psicografadas pelo médium Chico Xavier, morto em 2002, eram verídicas.
Ao todo, foram analisadas treze cartas atribuídas a Jair Parente, morto por afogamento em 1974, na cidade de Americana (SP). As correspondências começaram a ser psicografadas pelo médium ainda no ano da morte de Parente e prosseguiram até 1979.
Conforme o psiquiatra Alexander Moreira-Almeida, diretor do Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde (NUPES-UFJF), o estudo teve início em 2011 e foi feito em parceria com o Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (USP), a partir do pós-doutorado dos pesquisadores Denise Paraná e Alexandre Rocha.
O resultado, de acordo com o pesquisador, foi publicado em setembro deste ano pela revista científica Explore, editada na Holanda.
O interesse para desenvolver a pesquisa, explica Almeida, foi a relevância dada no país às cartas psicografadas.
"A motivação foi a importância que as chamadas cartas psicografadas têm no Brasil e a falta de estudos acadêmicos a respeito delas. Sabe-se que pessoas enlutadas podem aceitar, como sendo reais e precisas, cartas que contêm apenas informações genéricas", afirmou o pesquisador.
Segundo ele, o estudo comprovou que os dados colhidos nas cartas atribuídas a Parente eram críveis.
"As informações comunicadas nas cartas eram precisas (nomes, datas e descrições de fatos acontecidos na vida da família) e verídicas (nenhuma informação comunicada nas cartas estava incorreta ou era falsa)", afirmou Almeida em entrevista ao UOL por e-mail.
O pesquisador informou que a análise foi feita nas cartas originais, das quais foram extraídas 99 informações objetivas e passíveis de verificação.
"Familiares e amigos de Jair Presente foram entrevistados, documentos como jornais de época foram checados, além de escritos do Jair Presente e registros em cartórios", disse.
Conforme Moreira, o intuito era comprovar se Chico Xavier poderia ter tido acesso a essas informações por meios convencionais e se as cartas continham dados verídicos e específicos em relação ao falecido.
"A probabilidade de Chico Xavier ter tido acesso a grande parte destas informações por vias convencionais era extremamente remota. Em vários casos, eram informações muito privativas da família e, em algumas delas, até desconhecidas dos familiares que visitaram Chico Xavier para obter as cartas psicografadas", afirmou.
O pesquisador citou como exemplo o falecimento da madrinha da mãe de Presente, "fato que ainda não era do conhecimento da família", descreveu Almeida.

Médiuns em atividade

O psiquiatra Alexander Moreira-Almeida informou que o resultado de outro lote de cartas psicografadas por Chico Xavier, também investigado por Denise Paraná e Alexandre Rocha, será publicado em breve. Ele adiantou que o núcleo dará início a pesquisas com médiuns em atividade.
"Assim teremos maior possibilidade de um controle experimental do vazamento das informações para o médium. Seu desenho metodológico nos permitirá investigar um número bastante significativo de médiuns em atividade", disse.

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QUANTO MAIS SE FAZ MENOS SE MERECE!



 Tenho informado corretamente, e desta vez o faço oficialmente. Quais ações judiciais que os sindicalizados não pagam no Brasil. Ver: Sindicâncias, Punições, Suspensões e Demissões. Quanto, as ações trabalhistas, o percentual é de no mínimo 10% e no máximo 20%. Todos cobram, e é praticado em qualquer parta do Brasil. Entretanto, existem diferenças de percentual cobrado, e isso dependendo, da complexidade da causa e do renome do advogado. 

A cobrança de insalubridade já está fazendo 16 anos que profissionais  do direito peticionam e acompanham os processos numa realidade em que a justiça é muito lenta, desumana, e torturadora. Um detalhe:  é importante saberem que advogados de ações trabalhistas só recebem seus honorários quando ganham a ação. O percentual  que é cobrado obedece ao que consta no contrato de trabalho e é permitido por lei. E, quem expede o alvará não é o advogado é o órgão judiciário. E, neste caso foi o Tribunal de Justiça que o expediu. Vocês não leram o Alvará? Vocês nem imaginam o custo de um processo de 16 anos!  A contribuição mensal que fazemos é para pagar empregados, alimentação, e demais despesas,  são tantas!

Desta vez vocês foram a São Luís para receber quantias referentes a um desconto realizado no pagamento por equívoco do órgão judiciário. O desconto  foi feito em favor do FEPA – Fundo Estadual de Pensão e Aposentadoria. Comunicado o fato ao  Tribunal de Justiça, o órgão se comprometeu a expedir outros alvarás. Para não penalizar os colegas que já haviam sidos avisados.  O nosso advogado, Chefe do Departamento jurídico do SINTSEP tomou a decisão e fez com meu conhecimento e concordância. E, todos vocês foram avisados do fato lá no nosso Departamento jurídico. O que vocês receberam bebês é parte da primeira parcela!

A importância em favor dos prezado colegas era de R$ 1.054,00. Os honorários advocatícios são calculados com base no valor a ser pago  ao Cliente. E, assim foi feito.  Esclareço a todos, que se não tivessem idos e feitos os sacrifícios como alegam. Ainda não tinham recebido a importância que o TJ poder judiciário considerou direito de vocês receberem.

Enquanto alguns cometiam crimes, ao difamarem o profissional honesto e  o colega  dedicado e dirigente de uma instituição séria! O nosso advogado estava acompanhado de outros colegas no Tribunal de Justiça brigando em nossa defesa!  Quanto à fome que passaram no Banco no aguardo das providências, tivessem por meio de telefone me comunicado eu tentaria buscar solucionar. Por que não fizeram? ...  A importância que vocês receberam nenhum ser humano normal deixaria de receber R$ 800,00... Imaginem! Vocês nunca foram às ruas protestar. Nunca participaram de um congresso de três dias de duração.  Nunca participaram de um Seminário!  Pessoas como vocês, saem de Rosário para São Luis pretendendo receber dinheiro e não recebem porque o sistema está fora do ar.  
Nós lamentamos pelo transtorno! Entretanto, dizer que, problemas são barreiras naturais que enfrentamos cotidianamente. O processo do qual faço parte está previsto o pagamento para  o ano 2016! As pessoas que acompanharam o nosso  advogado Dr. Idevalter no Tribunal de Justiça e assistiram a briga/defesa feita por ele foi - Carlos Augusto, Irene Guimarães, Benedita Launé e Maria de Fátima. Reinaldo Cantanhêde Lima Diretor SINTSEP - MA filiado a CUT- MA

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

AVE MARIA

Ave Maria
Erotides de Campos
Cai a tarde tristonha e serena
Em macio e suave langor
Despertando no meu coração
A saudade do primeiro amor.
Um gemido se esvai lá no espaço
Nessa hora de lenta agonia,
Quando o sino saudoso murmura
Badaladas da Ave Maria.
Sino que tange com mágoa dorida
Recordando os sonhos da aurora da vida,
Dai-me ao coração paz e harmonia
Na prece da Ave Maria.
No alto do campanário
Uma cruz simboliza o passado
De um amor que já morreu
Deixando um coração amargurado.
Lá no infinito azulado
Uma estrela formosa irradia
A mensagem do meu passado
Quando o sino tange a Ave Maria.

Você pode ouvir a canção acima, na voz dos intérpretes abaixo, clicando no link respectivo:
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domingo, 28 de dezembro de 2014

UM FATO QUE ESPERAMOS JAMAIS SE REPITA


Dos inúmeros fatos lamentáveis registrados no ano que ora termina, existe um que poderia perfeitamente ter sido evitado.
Recordemo-lo:
No dia 3 de maio de 2014, Fabiane Maria de Jesus, de 31 anos, foi linchada na cidade de Guarujá, no litoral paulista, depois de ser confundida com uma suposta sequestradora de crianças. Fabiane, uma singela dona de casa, voltava da casa de uma amiga aonde, segundo testemunhas, teria ido buscar a Bíblia que lhe havia emprestado. O exemplar desse livro, que continha uma foto das filhas, foi rasgado por seus agressores. Após a agressão, cometida por dezenas de pessoas, a mulher foi deixada inconsciente, até que chegou a polícia. Fabiane faleceu na manhã do dia 5, depois de dois dias internada na UTI de um dos hospitais da cidade.
O verbo linchar significa justiçar ou executar sumariamente uma pessoa, sem qualquer espécie de julgamento legal.
A origem da palavra remete-nos ao capitão William Lynch, um cidadão norte-americano que viveu no período de 1742 a 1820 no condado de Pittsylvania, Virgínia.
Antes da eclosão da Guerra Civil americana, o linchamento era usado nos Estados Unidos principalmente contra os defensores dos direitos civis, ladrões de cavalos e trapaceiros. No entanto, por volta de 1880, seu uso se expandiu para grupos de status social supostamente mais baixo, tendo por alvo negros, judeus, índios e imigrantes asiáticos.
A prática do linchamento, contudo, não começou na América do Norte, porque, segundo alguns historiadores, o fato já havia sido registrado na Europa por ocasião da Idade Média.
Na Antiguidade foram também inúmeros os relatos de linchamentos promovidos ao arrepio da lei. Entre os judeus a lapidação — o apedrejamento pela multidão — era uma penalidade aplicada em diversos casos, tais como o adultério feminino e a homossexualidade masculina, dentre outros. O Novo Testamento narra dois casos de lapidação que se tornaram célebres – o da mulher adúltera, que Jesus acabou impedindo, e o de Estêvão.
Normalmente, o linchamento ocorre antes que os policiais cheguem ao local onde se encontra a vítima, embora haja registros de casos em que o alvo da ira coletiva se encontrava detido numa delegacia, sem que a força policial fosse capaz de controlar o ódio dos agressores. E são eles também comuns em prisões, principalmente contra presos acusados do crime de estupro.
O linchamento constitui um fenômeno de difícil conceituação, dada a diversidade dos aspectos pertinentes à questão, mas podemos afirmar, sem nenhuma dúvida, que demonstra total descrença na justiça humana, acrescida da ausência de fé e desprezo pelas leis de Deus, cuja síntese todos podemos encontrar nas lições que Jesus trouxe à Terra.
No caso de Guarujá (SP), como sabemos, agrediram e mataram uma pessoa inocente e, assim, destruíram uma família.
É preciso convir, no entanto, que mesmo que Fabiane Maria de Jesus fosse a pessoa procurada pela polícia, a ninguém caberia o direito de justiçá-la, visto que prender, indiciar, acusar e julgar são tarefas que, em um Estado democrático de direito, competem às autoridades legalmente constituídas para isso.
 “Não julgueis, para que não sejais julgados.”
A célebre advertência feita por Jesus, e anotada no cap. 7 do Evangelho segundo Mateus, ainda ecoa em nosso mundo, mas, lamentavelmente, existem pessoas que não têm, como se vê, ouvidos capazes de ouvi-la.
Temos, porém, esperança de que isso um dia se modifique e que fatos como o acima descrito jamais se repitam num país que se orgulha de professar a doutrina ensinada pelo Cristo.

sábado, 27 de dezembro de 2014

FRANCISCA JÚLIA DA SILVA, UMA POETISA NOTÁVEL


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Eu, se fosse apresentar um comunicado sobre a literatura feminina em qualquer universidade, falaria sobre Francisca Júlia da Silva, não por ela ter o primeiro nome  Francisca e o sobrenome da Silva. Não, ela não é a decantada Chica da Silva[1], na voz de Jorge Ben Jor e outros cantores, mas a esposa do Filadelfo Edmundo Munster, modesto telegrafista.
E isto é o que é incrível: Francisca afastou-se do meio social literário para se dedicar quase totalmente ao marido e ao lar, embora ela fosse genial poetisa parnasiana com acentuados traços simbolistas.
Mais conhecida como Francisca Júlia, essa grande escritora foi apelidada "Musa impassível" após ter escrito o seguinte soneto, publicado no livro Mármores, em 1895:

Musa Impassível[2]

Musa! um gesto sequer de dor ou de sincero
Luto jamais te afeie o cândido semblante!
Diante de Jó, conserva o mesmo orgulho; e diante
De um morto, o mesmo olhar e sobrecenho austero.

Em teus olhos não quero a lágrima; não quero
Em tua boca o suave e idílico descante.
Celebra ora um fantasma anguiforme de Dante,
Ora o vulto marcial de um guerreiro de Homero.

Dá-me o hemistíquio d'ouro, a imagem atrativa;
A rima, cujo som, de uma harmonia crebra,
Cante aos ouvidos d'alma; a estrofe limpa e viva;

Versos que lembrem, com seus bárbaros ruídos,
Ora o áspero rumor de um calhau que se quebra,
Ora o surdo rumor de mármores partidos.

Não sabia ela que estava escrevendo sobre si mesma, mas o contrário do que viveria quinze anos mais tarde. Sim, pois muitas vezes o que se escreve é o avesso do que se sente. Se o aspecto de seus poemas foi formal e tido como impessoal, do Parnasianismo alheio ao lirismo centrado no eu, o fundo foi simbólico e genialmente explorado por essa poetisa segundo João Ribeiro. Louvada em sua época pelos mais destacados poetas e críticos, sua vida sentimental era outra. Apaixonada pelo marido, resolvera dedicar todo o restante de sua última existência terrena especialmente a ele.
Casou-se com Filadelfo em 1909, na capela de Lajeado, em São Paulo, capital, e teve como padrinho nada menos do que Vicente de Carvalho. Nesse dia, foi convidada a participar como fundadora e membro da Academia Paulista de Letras de São Paulo, mas amavelmente recusou o convite, por preferir viver para o lar, embora não alheia às letras e aos movimentos literários de seu tempo.
Em 31 de outubro de 1920, quinze anos após Francisca Júlia escrever o poema que lhe deu o epíteto de Musa Impassível, publicado no livro Mármores, o marido de Francisca Júlia morreu tuberculoso. No dia seguinte, ela foi encontrada morta, em seu lar, após ingerir grande dose de narcóticos. Aos amigos, dissera, diante do esquife de Filadelfo e antes do gesto extremo: "— Jamais porei o véu de viúva". Leia, leitora, os dois primeiros versos do soneto que a consagrou em 1995:
"Musa! um gesto sequer de dor ou de sincero
Luto jamais te afeie o cândido semblante!"
Se o luto jamais tornou feio o semblante da musa, o mesmo não se pode dizer do gesto doloroso que a fez suicidar-se no dia seguinte à morte do marido idolatrado. Entretanto, a vida não começa no berço e nem termina no túmulo. Eis que ela é eterna e, sendo assim, imprimimos em nosso corpo espiritual, denominado por Allan Kardec perispírito, as marcas produzidas pelo uso do nosso livre-arbítrio.
Trinta e cinco anos após o gesto de desespero, no dia 13 de outubro de 1955, pela mediunidade psicofônica de Chico Xavier[3], o Espírito Francisca Júlia da Silva transmitiu-nos o soneto que reproduzimos abaixo:
                            
Lutai!

Por mais vos fira o sonho, a rajada violenta
Do temporal de fel que enlouquece e vergasta,
Suportai, com denodo, a fúria iconoclasta
E o granizo cruel da lúrida tormenta.

Carreia a dor consigo a beleza opulenta
Da verdade suprema, eternamente casta;
Recebei-lhe o aguilhão que nos lacera e arrasta,
Ouvindo a voz da fé que vos guarda e apascenta.

De alma erguida ao Senhor varai a sombra fria!...
Por mais horrenda noite, há sempre um novo dia,
Ao calor da esperança — a luz que nos enleva...

A aflição sem revolta é paz que nos redime.
Não olvides na cruz redentora e sublime
Que a fuga para a morte é um salto para a treva.

Passados outros sete anos, em 1962, o médium Waldo Vieira[4] psicografou o último soneto do Espírito Francisca Júlia, intitulado

Adeus

Na agonia da luz o astro-rei purpurina...
Leves tarjas de noite a manchar o horizonte...
Uma estrela a piscar remove a névoa fina
E espelha-se, feliz, no regato defronte...

Soluça um pombo além e se alteia e se inclina
E voa sem que o Sol novo rumo lhe aponte...
Humilde rola chora a gemer na campina,
Alheia ao prado em flor e à carícia da fonte...

Chega a sombra afinal... Aparece a tristeza
No arrulho que ficou por gemidos em bando,
Quais cordas a estalar numa lira retesa...

Assim, num dia assim, a morrer sem alarde,
Chorando eu disse adeus e ele partiu chorando,
A renascer na Terra onde estarei mais tarde....

Atualmente, amiga leitora e curioso leitor, Francisca Júlia da Silva pode estar entre vós. É uma triste jovem à procura de um rapaz melancólico, seu inesquecível Filadelfo, que a antecedeu no renascimento. Poder-se-ão encontrar um dia? Não o sabemos. E se o soubéssemos não o poderíamos dizer. Faz parte de suas provas procurarem-se eternidade afora, uma vez que a paixão doentia os consumiu em sua última existência na Terra. Qual será a sua arte? Do palco? Da música? Do lar? Só Deus o sabe...
Termino com a seguinte frase e uma reflexão: What we consider to be art today may be very diferente from what our ancestors considered to be art.
O que o Espírito procura demonstrar a você, leitor e leitora incrédulos, é que mesmo já não desenvolvendo os temas profanos de antes, seu estilo continua o mesmo, apenas mais espiritualizado, pois não somente a arte é seu fim, mas também a arte como demonstração da imortalidade da alma e das consequências, para todos nós, do bom ou mau uso do nosso livre-arbítrio aí e aqui.
Talvez a outrora festejada poetisa esteja, agora, empenhada em divulgar a arte espiritual que, segundo Allan Kardec, quando for devidamente explorada suplantará em muito o que se considera arte no mundo atual. Se é que essa arte também não já esteja na Terra.

Visite, quando puder: www.jojorgeleite.blogspot.com
  



[1] Chica da Silva (1732- 1796) foi uma escrava que, no séc. XVIII, viveu no Brasil e foi alforriada por um rico "contratador de diamantes", João Fernandes de Oliveira, com quem teve 13 filhos. Era aceita, nos meios sociais da época, com o raro respeito dedicado às mulheres brancas. Doou parte dos seus bens às irmandades religiosas do Carmo e de São Francisco de Assis, exclusivas de brancos, e das Mercês e do Rosário, dedicadas aos negros. Foi sepultada na irmandade dedicada aos brancos, São Francisco de Assis, considerada a mais importante da época. Essa também extraordinária mulher, negra, foi imortalizada na música de Jorge Ben Jor, que resume sua vida e pode ser ouvida acessando-se o link http://letras.mus.br/jorge-ben-jor/86373/. 

[2] SILVA, Francisca Júlia da. Mármores. São Paulo: Editor Horácio Belfort Sabino, 1895. Edição esgotada. Disponível em: < www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/01681300>. Acesso em 11/12/2014.

[3] XAVIER, Francisco Cândido. Vozes do grande além. Org. Arnaldo Rocha. Rio de Janeiro: FEB, 2003, p. 80- 81.

[4] XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Antologia dos imortais. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Parte II (Médium Waldo Vieira), p. 185- 186.


sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

O amor cobre, sem dúvida, a multidão dos pecados



Continuamos a publicar o roteiro e o texto que serviram de base aos estudos que fazemos semanalmente no Centro Espírita Nosso Lar (Londrina, PR), relativamente ao Ação e Reação, de André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
A seguir, o texto desta semana:

Questões para debate

A. Que fato levou Gaspar a redimir-se e perdoar a quem o levou à morte?
B. De que modo Gaspar voltou à carne e aos braços de Adelino?
C. Por que Leo jazia em triste pavilhão de indigentes, às vésperas da morte?

Texto para leitura 

108. Gaspar também se redime – Adelino, tendo sofrido por longo tempo o trauma perispirítico do remorso, por haver incendiado o corpo do próprio pai, nutrira em si mesmo estranhas labaredas mentais que o castigaram intensamente além-túmulo... Renascera, por isso, com a epi­derme atormentada por vibrações calcinantes que, desde cedo, se lhe expressaram na nova forma física por eczema de mau caráter, moléstia essa que deveria cobrir-lhe todo o corpo, durante muitos e angustiosos lustros de sofrimento. Graças aos méritos que ele foi adquirindo no esforço a favor do próximo, a enfermidade não tomou, porém, proporções que o impedissem de aprender e trabalhar, porque granjeara a ventura de continuar a servir, pelo seu impulso espontâneo na plantação cons­tante do bem. De volta à Mansão, Silas prosseguiu tecendo brilhantes comentários em torno do "amor que cobre a multidão dos pecados", como ensinou o Apóstolo. Foi quando relatou que Martim Gaspar havia sido igualmente tocado pelos exemplos de seu ex-filho. Observando-lhe a transformação, Gaspar abandonou as companhias indesejáveis a que se adaptara e rogou asilo na Mansão, havia alguns anos, onde aceitara se­veras disciplinas. Na noite seguinte, a surpresa de André foi muito grande, porquanto o próprio Druso convidou os dois amigos a acompanhá-lo numa excursão à Crosta, juntamente com Silas e duas valorosas irmãs do Instituto. (Ação e Reação, cap. 16, pp. 223 e 224.) 

109. A volta de Gaspar – A viagem foi ligeira e, espantado, André viu que a equipe estacionara à porta da casa de Adelino, visitada na véspera. Dois auxiliares já conhecidos dos amigos esperavam-nos no li­miar e, após a saudação habitual, um deles disse a Druso: "Diretor, o pequenino recém-nato estará conosco, dentro de meia hora". No lar, o relógio marcava duas horas e vinte minutos da madrugada. Druso pene­trou o aposento em que Adelino dormia e acariciou-lhe a fronte por mo­mentos. Adelino ergueu-se do corpo de carne, qual se fora movido por alavancas magnéticas poderosas, e acolheu-se nos braços do diretor da Mansão. "Meu amigo – disse-lhe Druso –, chegou a hora do reencon­tro..." Adelino começou a chorar, aterrorizado, sem conseguir desen­faixar-se-lhe dos braços acolhedores. Druso orou, suplicando a Deus concedesse a bênção das dores e das horas para redenção de nossos cri­mes e deserções. Quando sua voz emudeceu, profunda emotividade dominou a todos. Reconduzido ao veículo carnal, Adelino acordou em copiosas lágrimas... Findos alguns minutos de expectação, escutou-se lá fora o choro convulso de uma criança tenra... Adelino, enlaçado por Druso, abriu a porta e viu pobre recém-nascido que vagia aflitivamente. Ele ajoelhou-se, enquanto Druso lhe dizia com segurança: "Adelino, eis o pai ofendido que, enjeitado pelo coração materno que ainda não mere­ceu, vem ao encontro do filho regenerado!" Adelino não lhe ouviu a pa­lavra com os ouvidos carnais, mas registrou-a na mente, como apelo do amor celeste que lhe trazia ao coração mais uma criança abandonada e infeliz... Tomado de alegria, para ele inexplicável, abraçou o pequer­rucho com espontâneo gesto de amor e, após conchegá-lo ao peito, vol­tou para dentro, gritando jubiloso: "Meu filho... meu filho!..." Mar­tim Gaspar retornara à experiência física, asilando-se nos braços do filho que, um dia, o desprezara. (Obra citada, cap. 16, pp. 225 a 227.) 

110. O caso Leo – Silas levou seus amigos ao atendimento de Leo, que uma tuberculose pulmonar arrastava à morte. O enfermo jazia em triste pavilhão de indigentes em vasto hospital da Terra. Apesar da dispneia(1), seu olhar era calmo e lúcido, revelando perfeita conformação aos padecimentos que o conduziam ao termo da experiência. O estado orgânico do enfermo era terminal; todos os sintomas da morte patenteavam-se, iniludíveis. Leo, moribundo, era um viajante habilitado à grande romagem, tão somente à espera do sinal de partida, e tão acentuada se lhe evidenciava a acui­dade mental, que quase podia ver Silas e seus amigos a seu lado. O As­sistente disse então aos companheiros: "Já que vieram para anotar um processo de dívida expirante, podem algo perguntar ao companheiro, cuja memória se revela, tanto quanto possível, consciente e vigi­lante". (Obra citada, cap. 17, pp. 229 e 230.) 

111. A cruz do tuberculoso – Leo não poderia ouvi-los com os tím­panos da carne, mas em espírito – esclareceu Silas. André, então, perguntou-lhe se ele tinha consciência de que deixaria o corpo em bre­ves horas. Leo, crendo raciocinar por si mesmo, registrou a pergunta, palavra por palavra, qual se fossem transmitidas ao cérebro por fios invisíveis, e, como se conversasse a sós consigo mesmo, falou pen­sando: "Oh! sim, a morte!... Sei que, provavelmente esta noite, chega­rei ao justo fim..." E ajuntou, em seguida: "Nada posso temer... Nada posso recear, em companhia do Cristo, meu Salvador... Ele também foi vilipendiado e esquecido... <...> Por que não me resignar à cruz do meu leito, suportando, sem reclamar, as golfadas de sangue que de quando em quando me anunciam a morte, eu que sou pecador necessitado da complacência divina?!..." Após dizer-se católico, Leo respondeu, falando mentalmente, a uma pergunta de André acerca da ausência de seus familiares naquele momento: "Ah! meus familiares... meus afe­tos... meus pais teriam sido no mundo os meus únicos amigos... No en­tanto, demandaram o túmulo, quando eu era simplesmente um jovem en­fermo... Separado de minha mãe, vi-me entregue aos desajustes orgâni­cos... Logo após, meu irmão Henrique não hesitou em declarar-me inca­paz... Por direito à herança, cabiam-lhe grandes bens, contudo preva­lecendo-se do meu infortúnio o mano obteve da Justiça, com meu próprio assentimento, a documentação com que se fazia meu tutor... Bastou, po­rém, a consecução dessa medida, para que se transformasse para mim num verdugo cruel... Apossou-se-me de todos os recursos... Internou-me num hospício, em que amarguei longos anos de isolamento... Sofri muito... Alimentei-me com o pão recheado de fel, destinado pelo mundo aos que lhe penetram as portas como réprobos do berço, porque o desequilíbrio mental me perseguia desde a idade mais tenra..." Leo contou, então, que ao sair do manicômio, e recorrer ao irmão, este o expulsou sem compaixão. Vencido, apavorado, recorreu à Justiça, mas em vão, porque, legalmente, Henrique era o único senhor dos haveres da família. (Obra citada, cap. 17, pp. 231 e 232.)

(1) Disp­neia significa dificuldade na respiração.

Respostas às questões propostas

A. Que fato levou Gaspar a redimir-se e perdoar a quem o levou à morte?
Martim (o Adelino de hoje) reencarnara com a epi­derme atormentada por vibrações calcinantes que, desde cedo, se lhe expressaram por eczema de mau caráter, moléstia essa que deveria cobrir-lhe todo o corpo, durante muitos e angustiosos lustros de sofrimento. Graças aos méritos que ele foi adquirindo no esforço a favor do próximo, a enfermidade não tomou proporções que o impedissem de aprender e trabalhar, porque granjeara a ventura de continuar a servir, pelo seu impulso espontâneo na plantação cons­tante do bem. Tocado pelos exemplos de seu ex-filho, Gaspar abandonou as companhias indesejáveis a que se adaptara e rogou asilo na Mansão, onde aceitara se­veras disciplinas e iniciara, desse modo, o processo de sua própria redenção. (Ação e Reação, cap. 16, pp. 223 e 224.) 

B. De que modo Gaspar voltou à carne e aos braços de Adelino?
Abandonado por sua mãe ao reencarnar, Gaspar foi conduzido – graças à intercessão dos bons Espíritos – à residência de Adelino. Era madrugada quando este ouviu o choro convulso de uma criança tenra. Enlaçado por Druso, Adelino viu, ao abrir a porta, pobre recém-nascido que vagia aflitivamente. Ele ajoelhou-se, enquanto Druso lhe dizia com segurança: "Adelino, eis o pai ofendido que, enjeitado pelo coração materno que ainda não mere­ceu, vem ao encontro do filho regenerado!" Tomado de alegria, para ele inexplicável, Adelino abraçou o pequer­rucho com espontâneo gesto de amor e, após conchegá-lo ao peito, vol­tou para dentro, gritando jubiloso: "Meu filho... meu filho!..." Gaspar retornara à experiência física, asilando-se nos braços do filho que, um dia, o desprezara. (Obra citada, cap. 16, pp. 225 a 227.)

C. Por que Leo jazia em triste pavilhão de indigentes, às vésperas da morte?
Leo, vitimado por uma tuberculose pulmonar, jazia em triste pavilhão de indigentes em vasto hospital da Terra, porque seu irmão, Henrique, o havia declarado incapaz e, além de apossar-se dos recursos que lhe cabiam por herança, internou-o num hospício, em que Leo teve de amargar longos anos de isolamento. Quando saiu do manicômio e recorreu ao irmão, este o expulsou sem compaixão, condenando-o a uma vida de miséria e indigência. (Obra citada, cap. 17, pp. 229 a 232.) 



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