domingo, 30 de dezembro de 2012

Espero possamos ser felizes no ano que se inicia com o nº 2013.



Espero possamos ser felizes no ano que se inicia com o nº 2013. Espero possamos compreender a necessidade de mudarmos as nossas condutas. Espero possamos conquistar a paz familiar, comunitária e social. (Reinaldo Lima)

Melhor do que todos os presentes por baixo da árvore de natal é a presença de uma família feliz      (desconhecido )

A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família. 
A verdadeira família é aquela
unida pelo espírito e não pelo sangue
.
 
Observa o teu culto a família e cumpre teus deveres para com teu pai, tua mãe e todos os teus parentes. Educa as crianças e não precisarás castigar os homens..   (Luiz Gasparetto )

sábado, 29 de dezembro de 2012

Apagão da família

Carlos Alberto Di Franco
A sociedade assiste, assombrada, a uma escalada de crimes ocorridos no âmbito de famílias de classe média. Transformou-se o crime familiar em pauta ordinária das editorias de polícia. O inimigo já não está somente nas esquinas e vielas da cidade sem rosto,  mas dentro dos lares. Mudam os personagens, mas as histórias de famílias destruídas pelo ódio e pelas drogas se repetem. A violência não se oculta sob a máscara anônima da marginalidade. Surpreendentemente, vítimas e criminosos assinam o mesmo sobrenome e estão unidos pela indissolubilidade do DNA.
A multiplicação dos crimes em família tem deixado a opinião pública em estado de choque. Paira no ar a mesma pergunta que Fellini pôs na boca de um dos personagens do seu filme Ensaio de Orquestra, quando, ao contemplar o caos que tomara conta dos músicos depois da destituição do maestro, pergunta, perplexo: “Como é que chegamos a isto?” A interrogação está subjacente nas reações de todos nós, caros leitores, que, atordoados, tentamos encontrar resposta para a escalada de maldade que tomou conta do cotidiano.
A tragédia que tem fustigado algumas famílias aparece tingida por marcas típicas da atual crônica policial: uso de drogas, dissolução da família e crise da autoridade. Não sou juiz de ninguém. Mas minha experiência profissional indica a presença de um elo que dá unidade aos  crimes que destruíram inúmeros lares: o esgarçamento das relações familiares. Há exceções, é claro. Desequilíbrios e patologias independem da boa vontade de pais e filhos. A regra, no entanto, indica que o crime hediondo costuma ser o dramático corolário de um silogismo que se fundamenta nas premissas do egoísmo e da ausência, sobretudo paterna. A desestruturação da família está, de fato, na raiz da tragédia.
Se a crescente falange de jovens criminosos deixa algo claro, é o fato de que cada vez mais pais não conhecem os seus filhos (e filhos também não se interessam por seus pais e avós). Na falta do carinho e do diálogo, os jovens crescem sem referencias morais e âncoras afetivas. Recebem boas mesadas, carros e viagens. Mas, certamente, trocariam tudo isso pela presença dos pais. Sua resposta é uma explosiva combinação de revolta e ódio. Psiquiatras, inúmeros, tentam encontrar explicações nos meandros das patologias mentais. Podem ter razão. Mas nem sempre. Independentemente dos possíveis surtos psicóticos, causa imediata de crimes brutais, a grande doença dos nossos dias tem um nome menos técnico, mas mais cruel: a desumanização das relações familiares. O crime intra e extra lar medra no terreno fertilizado pela ausência. O uso das drogas, verdadeiro estopim da loucura final, é, frequentemente, o resultado da falência da família.
A ausência de limites e a crise da autoridade estão na outra ponta do problema. Transformou-se o prazer em regra absoluta. O sacrifício, a renúncia e o sofrimento, realidades inerentes ao cotidiano de todos nós, foram excomungados pelo marketing do consumismo alucinado. Decretada a demissão dos limites e suprimido qualquer assomo de autoridade (dos pais, da escola e do Estado), sobra a barbárie. A responsabilidade, consequência direta e imediata dos atos humanos, simplesmente evaporou. Em todos os campos. O político ladrão e aético não vai para a cadeia. Renuncia ao mandato. O delinquente juvenil não responde por seus atos.  É “de menor”.
Certas teorias no campo da educação, cultivadas em escolas que fizeram uma opção preferencial pela permissividade, também estão apresentando um amargo resultado. Uma legião de desajustados, crescida à sombra do dogma da educação não traumatizante, está mostrando a sua face perversa. Ao traçar o perfil de alguns desvios da sociedade norte-americana, o sociólogo Christopher Lach (autor do livro A Rebelião das Elites) sublinha as dramáticas consequências que estão ocultas sob a aparência da tolerância: “Gastamos a maior parte da nossa energia no combate à vergonha e à culpa, pretendendo que as pessoas se sentissem bem consigo mesmas.” O saldo é uma geração desorientada e vazia. A despersonalização da culpa e a certeza da impunidade têm gerado uma onda de superpredadores. O inchaço do ego e o emagrecimento da solidariedade estão na origem de inúmeras patologias. A forja do caráter, compatível com o clima de verdadeira liberdade, começa a ganhar contornos de solução válida. A pena é que tenhamos de pagar um preço tão alto para redescobrir o óbvio.
O pragmatismo e a irresponsabilidade de alguns setores do mundo do entretenimento estão na outra ponta do problema. A valorização do sucesso sem limites éticos, a apresentação de desvios comportamentais num clima de normalidade e a consagração da impunidade têm colaborado para o aparecimento de mauricinhos do crime. Apoiados numa manipulação do conceito de liberdade artística e de expressão, alguns programas de TV crescem à sombra da exploração das paixões humanas.
As análises dos especialistas e as políticas públicas esgrimem inúmeros argumentos politicamente corretos. Fala-se de tudo. Menos da crise da família e da demissão da autoridade. Mas o nó está aí. Se não tivermos a coragem e a firmeza de desatá-lo, assistiremos a uma espiral de crueldade sem precedentes. É só uma questão de tempo. Já estamos ouvindo as primeiras explosões do barril de pólvora. O horror dos lares destruídos pelo ódio não está nas telas dos cinemas. Está batendo às portas das casas de um Brasil que precisa resgatar a cordialidade captada pela poderosa lente de Sérgio Buarque de Holanda (o pai do Chico) no seu memorável Raízes do Brasil.


crise em familia


Carlos Alberto Di Franco, diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciência Sociais – IICS (www.iics.edu.br) e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, é diretor da Di Franco – Consultoria em Estratégia de Mídia (www.consultoradifranco.com).
 
Publicado no Portal da Família em 16/12/2012

“LANÇAMENTO DO LIVO ROSÁRIO MINHA CIDADE MINHA PAIXÃO”



Trata-se de uma obra literária, surgiu em oportunidade de um Projeto  Integrante do Programa Ensino Médio Inovador, implantado  no Centro de Ensino Luiza de Souza Gomes,  em 2011, o objetivo é incentivar  a pesquisa,  a escrita, a leitura  e o conhecimento de sua História, desde os tempos passados  até o presente.  A obra foi realizada por meio de pesquisas de campo, leituras de outras publicações e focada nos registros históricos, datas de fundação, filhos ilustres, na economia, na cultura popular, na música, nas artes e na divulgação da biografia dos envolvidos.
Da programação: iniciou com a apresentação de uma banda marcial, composição da mesa, apresentação do livro, discursos, leituras de poemas apresentação de vídeo e musica ao vivo com artistas da terra, Giovanna e Louro. No encerramento  a venda dos exemplares co 82 paginas ao preço de  20,00 por exemplar. A mencionada obra  foi realizada por professores e alunos do Centro de Ensino Médio  Luiza de Souza Gomes. 

Meus Agradecimentos pela publicação do meu poema:

Poema:  flor  amarela
Autor:   Reinaldo Cantanhêde lima
Endereço:  Rua Benedito leite,3796
 Centro -  Rosário maranhão
Fone:   (098)3345 1298/9161 9826
Blog: www.    reinaldocantanhede.blogspot.com

Se canto a cidade
Canto e não encanto
Entretanto e quanto
Como empreendedor
De tantas tantas lutas
Nada mais que errante
Se digo a verdade
Sou um deselegante

Se eu falo baixinho
Eu sou pequenininho
Quando grito bem alto
Pareço mesquinho
Eu só falo verdade
A verdade eu falo
Só escrevo verdade
Esse é meu destino

Eu sou flor amarela
Eu sou como paudarco
Eu sou madeira de lei
Não  empeno  não vergo

Na via principal sou
Eu sou um sem jeito
Na via coletora
Perdi o trajeto
Para meus escritos
Eu tenho projeto
Para o meu cantar
 Sou um ser ético

Se pago imposto
Eu sou idiota
Cumpro o dever
Paguei uma só cota

O que ama  a cidade
Não limpa a sua porta
Diz que amar a cidade
É ser parte da patota.

25 de outubro de 2011


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O Papai Noel e a Eternidade

Sueli Caramello Uliano 

Sueli Caramello Uliano

Noel e a Eternidade

O Presépio que tenho em casa está comigo há um bom tempo. Comprei-o, ainda solteira, quando minha primeira sobrinha tinha pouco mais de dois anos e passava boa parte do dia em minha casa. Meu intuito era motivá-la para algo além do Papai Noel.

Foi muito divertido montar o Presépio pela primeira vez, a começar pelo processo de desembrulhar as 18 peças que vieram enroladas em jornal, no meio de palha. A cada personagem que se revelava, a menina enternecia-se... De repente, a grande emoção:

─ Ah! É o Menino Jesus!
─ Não é não, querida! Olhe bem.
─ Hummm! ─ ela atentou para as asas do anjinho e mudou de idéia ─ Ai, tia, é claro, é uma pomba!
─ Não, não, querida! É um anjinho.

– Ah! É. – e passando o dedinho no pé do anjo que aparecia sob a orla da túnica, sobre uma pedra, dirigiu-me um olhar desafiador: – ele descalço.
..
– É, ele está descalço, mas ele é anjo, não fica resfriado...
Apanhamos musgo no Centro Educacional da Móoca (o que foi uma aventura indescritível que havia de se repetir nos anos seguintes), apoiei sobre um móvel de madeira uma grande pedra de mármore, utilizei duas pedras grandes com traços de quartzo róseo cedidas por minha tia, do seu jardim, para fazer a gruta. Sobre as pedras, para suavizar, uns galhinhos de melindro. E os caminhos de areia, o lago de espelho... E as histórias que eu não apenas lhe contava aproveitando as peças, mas às vezes procurava ler para ela nos Evangelhos. Nasceu o Menino, a família reuniu-se para comemorar, trocar presentes e cantar villancicos, próprios da tradição espanhola. E os Reis Magos, que estavam na ponta da mesa, começaram a se aproximar, a cada dia um pouquinho, não fossem chegar antes do dia seis de janeiro.

— Gaspar, Baltazar, Melchior...
— Quem são, Renatinha?
─ Os Reis Magos.
─ E o que eles fizeram?
─ Eles viram a estrela e vieram ver Jesus, mas... ─ e a pequena fazia um ar de mistério e suspense ─ eles voltaram pelo outro caminho pra enganar o Herodes.
─ E o rei Herodes, o que fez?

─ Ele disse — e a pequena erguia o punho com violência — : eu mato esse Menino!
─ Uh! E São José, o que fez?

─ Ah! Ele se mandou! Pra onde foi mesmo que eles se mandaram, tia, pro Gip... Gipso?

A essa altura eu já estava roxa de rir. Mas, pouco depois, quando minha mãe insistia para que ela comesse, ela não teve dúvidas e murmurou:

─ Vó, se manda pro Gipso.
Tive de continuar roxa, tentando não rir:
─ Não fala assim com a vovó...
E a minha mãe, curiosa:

─ O que foi que ela disse?
─ Mandou a senhora para o Egito...
— Nossa! Renatinha... Que maldade com a vovó!
E a pequena apenas mordia o lábio e desviava os olhos. Onde raios seria esse tal Egito?

Casei alguns anos depois e levei o Presépio comigo. A Renata a essa altura já tinha duas irmãs: a Fernanda e a Ana Cristina. O seguinte episódio deu-se quando a minha filha tinha três anos e oito meses. Dois anos acima dela, a Fernanda e, exatos dois anos abaixo, a Ana Cristina. Quatro primas que viviam no maior tititi, principalmente as três menores.

Passei a montar o Presépio no meu apartamento e a minha filha, assim, aprendia as primeiras noções da história do cristianismo. Fez com as próprias mãos, e por iniciativa própria, uma manjedoura de massinha colorida.

Deixamos secar até endurecer e até hoje se conserva. No entanto, também comecei a ver o Papai Noel com menos preconceito, sem carimbá-lo com a pecha de símbolo consumista. E minha filha, no embalo do clima natalino, haveria sempre de esperar pelo presente do bom velhinho, que chegaria na madrugada do dia de Natal e seria depositado junto ao Presépio e à arvore.

Naquele ano, como sempre fazíamos, fomos, o pai, eu e a pequena, à Missa de Natal, às 20 horas, com adoração do Menino e tudo mais. Voltamos para buscar os presentes e já passava das 22 horas quando chegamos à casa dos meus sogros, para cumprimentá-los. Era uma visita rápida, pois voltaríamos no dia seguinte para o almoço. Dali saímos para a casa de minha mãe, onde toda a família estaria reunida para a Ceia.

Noite escura e chuvosa. Pelas ruas do Tatuapé, raríssimos carros cruzam conosco. Estamos na verdade completamente sós no breu da noite quando, a distância, percebemos uma figura especial que avança pela calçada, a passos largos, um saco vermelho às costas. Meu marido, percebendo a magia do momento, praticamente parou o carro, o vidro abaixado, a minha menina levantou-se do banco de trás, os olhos cravados naquele Papai Noel mais do que nunca enorme, imensamente barbudo, que surgia da noite e a encantava. Ele olhou para o carro, acenou e cumprimentou-nos a caráter:
— Oh! Oh! Oh! Feliiiz Nataaal!

— Feliz Natal! — respondemos em uníssono.
E ele continuou apressado, com tanto trabalho pela frente...

A minha menina acompanhou-o com os olhos, por uns instantes, depois balançou a cabeça e conferiu a própria convicção:
— As minhas primas... Elas não vão acreditar!
Não sei se preciso deixar claro aqui que não acredito em Papai Noel. Mas acredito no encanto. Temos necessidade de ficção porque precisamos experimentar o que ultrapassa o real, o natural. Mas por que procuramos algo além do real, do natural? Quem sabe são as pistas mais palpáveis que temos de que fomos criados à imagem e semelhança do Criador. Ou não teríamos esse poder inventivo, essa capacidade de sonhar.

Não ignoro que há os que dizem, depreciando a fé, que aqueles que um dia acreditaram em Papai Noel, da mesma forma depois acreditam em Deus. Mas eu inverto esse raciocínio: crer em Papai Noel — ou crer nos Reis Magos exercendo esse papel — revela a capacidade humana de buscar e crer em algo que a ultrapassa. É a nossa impotência em busca do Todo Poderoso; a nossa carência em busca da plenitude do Bem, da Verdade, da Beleza.

Não sei quando minha filha e as primas deixaram de acreditar em Papai Noel, mas naquele Natal, naquela noite chuvosa e escura, tivemos uma pequena amostra de como será o momento em que nos cairão as escamas dos olhos e veremos a eternidade... Sem medo dos herodes que nos ameaçam, sem precisar fugir para qualquer Egito e sem a menor possibilidade de confundir um Anjo com uma pomba.

presépio
Publicidade

Sueli Caramello Uliano , mãe de familia, pedagoga, Mestra em Letras pela Universidade de São Paulo, Presidente do Conselho da ONG Família Viva, Colunista do Portal da Família e consultora para assuntos de adolescência e educação.
É autora do livro Por um Novo Feminismo pela QUADRANTE, Sociedade de Publicações Culturais.
Publicado na revista Ser Família em nov/dez/2011
Publicado no Portal da Família em 16/12/2012

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

PESCADORES BENEFICIÁRIOS DO SEGURO DESEMPREGO EM ROSÁRIO MA

Rosário é uma cidade pólo da Região do munin, portal dos lençóis maranhense, está distante da capital do Estado do Maranhão, 70 quilômetros, fica na márgem direita do Rio Itapecuru o único genuinamente maranhesse, a  polulação do município é de: 39. 903 habitantes. Existem duas entidades de pescadores a organização mais rescente chamam-se de Sindicato, fica situado na Rua General Lott, próxio ao Correio e a mais antiga chamam-se de Colônia de Pescadores Z-21, está situada na Rua Benedito Leite. No dia 25 por volta das 17h:30min. já havia uma fila com muita gente de véspera aguardavam para serem atendidos pelo Sindicato. Na Colónia a fila começou a ser formada por volta da madrugada do dia 26/12/2012 já era noite quando foi dispensada as pessoas que esperavam por atendimento. Por volta das 22 horas iniciou-se uma nova fila para serem atendidos no dia 27, até gora as 16:00 resolvi tirar fotos e com redução de associados verifica-se a existência de muitas pessoas no local. Pela manhã a fila da Colônia de Pescadores estava distribuida em dois quateirões que ia da Sede da Colônia de Pescadores até o Canto de Ze Pequeno e Dona Teresa- travessa que passa pela frente do Colégio Joaquim Santos.
Na redondeza existem varios idoso, em minha residência é como se tivéssemos de ressaca, moramos defronte da Sede da Colônia a zuada durandte o dia é tolerável a noite não conseguimos ter um sono reparador, apesar de terem um auditório que comporta mais ou menos 400 pessoas, não é suficiente para atender milhares de associados!


quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Como surgiram os presépios

O Presépio na foto é uma tradição da minha mãe Antonia Cantanhêde, já está com 88 anos pagou uma pessoa para montar e na noite de 25 para 26 convidou as rezadeiras da Comunidade do Povoado Centro Grande e disse: vamos logo queimar as palhinhas, algumas resistências em razão de não estar de acordo com a cultura local, aconteceu conforme a decisão de Dona Antonia.
Por: Flávio Sampaio de Paiva *
Perguntei a um especialista em línguas: O que é o presépio? Ele respondeu-me:
Presépio é uma obra de arte sacra, composta de figuras de materiais diversos, que representa o estábulo de Belém e as cenas relacionadas com o nascimento de Jesus. Contém a representação da manjedoura (cocho) em que Jesus foi posto ao nascer.
A palavra presépio vem do latim praesepium, que por sua vez vem de prae - "antes", "na frente de" - e de saepes - "sebe", "cerca", "grade" -. O significado original dessa palavra era, pois, o de um recinto fechado onde se encerravam os animais: um curral, uma estrebaria. E como os animais confinados no curral precisavam comer, o significado dessa palavra estendeu-se também ao lugar em que os animais comem, à manjedoura.

Perguntei a um crítico de arte brasileiro: O que é o presépio? E ele respondeu-me:
Os cristãos celebram o Natal desde fins do século III, quando já peregrinos se dirigiam ao local de nascimento de Cristo, a gruta de Belém. No século seguinte, a cena da Natividade aparece em relevos de sarcófagos, instrumentos litúrgicos ou afrescos, que mos­tram a Virgem Maria, a Adoração dos Reis Magos e o Menino a repousar na manjedoura.

A primeira dessas imagens de que se tem notícias foi esculpida em um sarcófago do século IV, e encontra-se hoje no Museu das Termas, em Roma. É um baixo-relevo em que uma árvore faz o papel de cabana, um pastor medita apoiado em um bastão, o Meni­no está em um cocho rústico envolto em panos, ladea­do por um burro e um boi.

Bem depois, em 1223, na Itália, ocorre um fato marcante na história dos presépios. São Francisco de Assis, em vez de festejar a noite do Natal na igreja, como se fazia habitualmente, decidiu levar uma manjedoura, um boi, um burro e outros elementos do pre­ sépio a uma gruta nos arredores da cidadezinha de Greccio, fazendo uma representação ao vivo da cena. Assim, Francisco ganhou a fama de ter criado o presépio, embora somente séculos mais tarde os presépios tenharn adquirido a forma atual.

No século XV, passou a haver representações do Natal em forma de esculturas, muitas vezes em tama­nho natural, expostas em oratórios (capelas) nas igrejas. Sempre havia ai uma preocupação didática: pretendia-se que os espectadores, ao olharem o presépio, tivessem a sensação de estar penetrando no palco da História Sagrada.

No século seguinte, as figuras libertam-se das capelas e começam a aparecer soltas, em grupos. Nasce assim o presépio como o concebemos hoje: capaz de ser modificado por cada artista que o constrói ou por cada pessoa que o monta, em sua casa, ano após ano. Aliás, a graça do presépio está em ser criativo, tornan do cada um deles diferente, pessoal e único. O primeiro presépio deste tipo que se conhece em uma casa privada foi provavelmente elaborado em 1567: sabemos pelo seu testamento que a Duquesa de Amalfi, Constanza Piccolomini, possuía dois baús com 116 figuras, utilizadas para representar o Nascimento e a Adoração dos Reis Magos.

No século XVIII, conventos e cortes dedicaram-se à construção de presépios. Em Nápoles, Carlos III, rei das Duas Sicílias, investiu fortunas para construir presépios de madeira talhada ou pedra esculpida com um enorme número de personagens coloridos e cenas da vida popular; daí proveio a tradição dos presépios napolitanos.

Se Nápoles, Sicília, Munique e a região alpina alemã estabeleceram uma tradição em presépios, o Brasil não ficou atrás. Já em 1532, o padre José de Anchieta, ajudado pelos índios, modelava em barro pequenas figuras representando o presépio, com o propósito de inculcar nos indígenas a tradição de honrar o Menino Jesus no dia de Natal. Mais tarde, começaram a aparecer cenas com características nacionais, como lavadeiras que carregavam trouxas, fazendeiros que cuidavam de animais, mulheres que davam milho a galinhas, monjolos, montes, árvores da terra e igrejinhas iluminadas.
No século XX, surgem legítimos representantes nacionais da arte do presépio. Um caso é o presépio do Pipiripau, em Belo Horizonte, com quarenta e duas cenas. Outro destaque é o trabalho das figureiras do Vale do Paraíba, em São Paulo, principalmente Taubaté. E como esquecer o mestre Vitalino de Caruaru, Pernambuco, com as suas pequenas figuras modeladas em barro? E as obras realizadas em São Paulo por Evarista Ferraz Salles, pioneira no Brasil em trabalhos de artesanato de palha, milho e bucha, com os seus presépios dentro de cabaças, que são reconhecidos nacional e internacionalmente? [1]

Perguntei a um teólogo: O que é o presépio? Ele respondeu-me sabiamente:
A festa de Natal ocupa um lugar muito especial no coração dos cristãos. Possui um brilho e um calor humano que nos comovem mais do que qualquer outra cristã.

Muito desse encanto se deve a São Francisco de Assis e à famosa celebração do Natal em Greccio, no de 1223. Essa celebração contribuiu decisivamente para que se desenvolvesse e se estendesse o formosíssimo costume de montar presépios para comemorar o evento. 

Tomás de Celano, o primeiro biógrafo de São Francisco, relata-nos: "Celebrava com incrível alegria, mais que nenhuma outra solenidade, o Natal do Menino Jesus, pois afirmava que era a festa das festas, em Deus, feito um menino pobrezinho, pendeu de tos humanos. Beijava como um esfomeado as imagens dessa criança, e a derretida compaixão que tinha coração pelo Menino fazia com que balbuciasse palavras doces, como uma criancinha. Para ele, esse me era como um favo de mel nos seus lábios" [2]. 

São Francisco tinha um amor imenso por Jesus, Deus-conosco, que o levou a visitar a Terra Santa e a relíquia da manjedoura em que Jesus teria sido posto ao nascer, e que hoje se encontra em Santa Maria Maior, em Roma. Essas viagens podem tê-lo animado a montar a celebração de Greccio. Mas, sem dúvida, o que mais influiu nele foi o desejo de viver com maior realismo e proximidade o nascimento de Jesus.

Havia naquela cidade um homem chamado João, "de boa fama e vida ainda melhor, por quem São Francisco tinha especial amizade", e a quem o santo encarregou de preparar a representação da cena, dizendo-lhe: "Quero evocar o menino que nasceu em Be­lém, os apertos que passou, como foi posto num presépio, e ver com os meus próprios olhos como ficou em cima da palha, entre o boi e o burro"[3].

Já na véspera do Natal, o povo aproximou-se, alegre com a expectativa de ver o mistério representado ao vivo. Os frades cantavam, dando louvores ao Senhor. A missa de Natal foi celebrada ali mesmo, e diz-se que o sacerdote que a celebrou sentiu uma piedade que jamais experimentara até então. São Francisco, que era diácono, cantou com voz sonora o santo Evangelho. Depois pregou ao povo presente, dizendo coisas maravilhosas sobre o nascimento do Rei pobre e sobre a pequena cidade de Belém [4].

O cardeal Ratzinger, antes de tornar-se Papa, comentou a nova dimensão que São Francisco tinha outorgado à festa cristã do Natal. A descoberta da revelação do «Emanuel», Deus-conosco, realizada no Menino Jesus, penetra profundamente nos corações dos cristãos, porque nenhum obstáculo de sublimidade ou de distância nos separa mais dEle. Como menino, aproximou-se tanto de nós que podemos tratá-lo sem receio, com simplicidade e total confiança:
"No Menino Jesus, torna-se patente, mais que em nenhuma outra parte, o amor indefeso de Deus: Deus vem sem armas, pois não pretende assaltar de fora, mas conquistar de dentro, e a partir daí transformar-nos. Se algo pode desarmar e vencer os homens, a sua vaidade, a sua sede de poder ou a sua violência, assim como a sua cobi­ça, é a fragilidade de um menino. Deus escolheu essa fragilidade para nos vencer e para tornar-nos conscientes do que realmente somos. [...]

"Quem não entendeu o Mistério do Natal não entendeu o que é mais decisivo e fundamental no ser cristão. Quem não o aceitou, não pode entrar no reino dos céus. Isso é o que Francisco pretendia recordar à cristandade da sua época e à de to­dos os tempos posteriores"[5].
Podemos ainda perguntar-nos: Por que o boi e o asno fazem parte do presépio desde o começo? Novamente é o cardeal Ratzinger quem nos responde:
"O boi e o asno não são mera produção da fantasia. Converteram-se, pela fé da Igreja, [...] nos acompanhantes do acontecimento natalino.
Com efeito, em Isaías 1,3 diz-se concretamente: «O boi conhece o seu dono, e o asno o presépio do seu amo, mas Israel não entende, o meu povo não tem conhecimento».

"Os Padres da Igreja viram nessas palavras uma profecia que apontava para o novo povo de Deus, a assembleia dos judeus e dos cristãos. Diante de Deus, todos os homens, tanto judeus como pagãos, eram como bois e asnos, sem razão nem conhecimento. Mas o Menino, no presépio, abriu-lhes os olhos, de maneira que agora reconhecem a voz do seu dono, a voz do seu Senhor.
"Nas representações medievais do Natal, não deixa de causar estranheza o fato de esses animais chegarem a ter rostos quase humanos e a prostrar-se e inclinar-se perante o mistério do Menino, como se o entendessem e o estivessem adorando. Mas isso era lógico, uma vez que esses dois animais eram como símbolos proféticos sob os quais se oculta o mistério da Igreja, o nosso mistério, já que nós somos boi e asno diante do Eterno, boi e asno cujos olhos se abrem na noite de Natal, de forma que, no presépio, reconhecem o seu Senhor. [...]

"Quando colocamos as figuras que nos são fa­miliares no presépio, devemos pedir a Deus que conceda aos nossos corações a simplicidade que sabe descobrir o Senhor no Menino, tal como Francisco na sua época. Então poderemos experi­mentar o que nos conta Celano acerca dos partici­pantes da celebração de Greccio com umas pala­vras muito parecidas às de São Lucas a propósito dos pastores da primeira noite de Natal (Lc 2, 20): «Todos regressaram para suas casas repletos de alegria»"[6].

Depois de perguntar aos entendidos, resolvi perguntar a uma criança: O que é o presépio? Ela simplesmente me respondeu:
E o lugar onde Deus nasce.
 
Perguntei também a um escritor de contos: O que é o presépio? Ele respondeu-me:
É o lugar ideal para voltarmos a ser crianças e deliciar-nos com os sonhos de Deus. É a inspiração indispensável para escrever e ler contos de Natal.
 
[1] Cfr. Oscar D'Ambrósio, A arte dos presépios .
[2] Tomás de Celano, "Segunda vida de Sâo Francisco, em Fontes
nciscanas, 9 a ed., Vozes/FFB, Petrópolis, 2000, n 199.
[3] Tomás de Celano, "Primeira vida de São Francisco", em Fontes franciscanas , n. 84. F omes
[4] Cfr. ibid ., ns. 85-86.
[5] Joseph Ratzinger, El rostro de Dios , Ediciones Sígueme, Sala-1983, págs. 19-25.
[6] Ibid.

Presépio Napolitano
Exemplo de presépio napolitano

Presépio do Pipiripau

O Presépio do Pipiripau, um dos mais tradicionais de Minas Gerais, no Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, em Belo Horizonte-MG. O presépio feito pelo artesão Raimundo Machado, em 1906, ocupa uma área de 20 metros quadrados e narra a vida de Cristo. Os interessados em conhecer a obra devem agendar visita pelo site www.mhnjb.ufmg.br.

* Esse texto é parte do livro O Presépio das Crianças , do Padre Flávio Sampaio de Paiva, publicado pela Editora Quadrante.
Publicado no Portal da Família em 22/12/2011

Emocionado com a alegria contagiante dos presentes amigas com quem eu convivi em epocas passadas, que cantavam e hoje, em substitição as suas mães continuam com a tradição e resignadas nos deram uma verdadeira lição de como viver em Comunidade pacífica agradeço a todos que participaram e como cantoras oficiais: Luzanira Borralho, Maria Chelê, Irene, Maria Rita, comadre Josefa, Joana, Mundica Pinto e outros meu Abraço fraterno. Ver fotos
Antonia 88 José Nazário 89, Marcílio filho, Reinaldo filho e Maria Rita nora do casal de idosos.
Luzanira e Irene estão combinando os cantos